No contexto da saúde suplementar, os planos de saúde desempenham um papel essencial na prestação de serviços médicos, devendo seguir as diretrizes estabelecidas pela Lei 9.656/1998 (dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde) e as normativas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No entanto, muitas mulheres enfrentam dificuldades no acesso a procedimentos essenciais para sua saúde, tornando fundamental a discussão sobre a cobertura obrigatória dos planos de saúde para exames e tratamentos específicos da saúde feminina.
A ANS determina que os planos de saúde devem cobrir uma série de exames e procedimentos relacionados à saúde da mulher. Dentre os principais, destacam-se: (i) exames preventivos como papanicolau, mamografia, ultrassonografia transvaginal, densitometria óssea; (ii) tratamento de doenças ginecológicas: endometriose, miomas, cistos ovarianos, síndrome dos ovários policísticos; (iii) câncer de mama e colo do útero: diagnóstico, tratamento quimioterápico, radioterápico e cirúrgico, incluindo reconstrução mamária, e; (iv) saúde reprodutiva e planejamento familiar: acompanhamento gestacional, partos e laqueadura tubária, conforme critérios legais.
Além disso, a legislação prevê que as mulheres gestantes tenham acesso a um atendimento médico abrangente, incluindo: pré-natal: consultas, exames laboratoriais e ultrassonografias; parto: atendimento hospitalar para parto normal ou cesárea; pós-parto: atendimento ao recém-nascido nos primeiros 30 dias e possibilidade de inclusão da criança no plano materno sem carência. Outro ponto relevante é o direito das mulheres vítimas de violência doméstica ao atendimento psicológico e multidisciplinar pelos planos de saúde, conforme determinação da ANS desde 2022. Esse suporte especializado visa garantir a recuperação emocional e física dessas mulheres, promovendo um atendimento humanizado e eficiente. Apesar dessas garantias, muitas usuárias enfrentam negativas indevidas de cobertura por parte das operadoras de planos de saúde. Nessas situações, é possível recorrer à ANS e ao Poder Judiciário, fundamentando-se no Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990) e na Lei 9.656/1998. A atuação da mulher na reivindicação de seus direitos torna-se essencial para garantir o cumprimento da legislação vigente.
O acesso a procedimentos de saúde feminina nos planos de saúde é um direito garantido por leis e normativas regulatórias. No entanto, sua efetivação depende não apenas da atuação das operadoras, mas também da fiscalização por parte das usuárias e órgãos competentes. A busca pela equidade no atendimento médico das mulheres deve ser contínua, assegurando que todas tenham acesso aos tratamentos necessários para a manutenção de sua saúde e bem-estar.
Gabriel Engel Pereira – Advogado Associado do escritório Terras Gonçalves Advogados

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